Estivemos mesmo mesmo para cancelar tudo

Para além do mau tempo e da febre do MM, 6ª-feira à noite traria mais duas más surpresas: o JM também com febre e o pai chamado às 2h ao hospital. Entre 'os meus filhos e os filhos dos outros', nem eu nem a Mãe pregámos olho. Mas como disse, estávamos determinados. Era a oportunidade de passarmos uns dias só os quatro, que há muito não tínhamos (e tão cedo não voltaremos a ter).

Entre ben-u-ron e brufen, arrastámo-nos pela manhã de Sábado até chegar uma anjinha (muito papudinha, diga-se) que cá temos. Eu e a Mãe fomos assistir ao matrimónio de uns amigos. Foi bom celebrarmos o nosso aniversário de casamento com a missa de um que agora começa. Saltámos a boda e corremos a casa, para pegar nos doentinhos. Foram 260 quilómetros até Unhais da Serra. Se alguma coisa tem de bom o estado febril, é que as crianças ficam dorminhocas. O JM dormiu as três horas de caminho e o MM acordou uma única vez para trocar a fralda e beber um leitinho. Em rigor, foi a Mãe que lhe trocou a fralda e lhe deu o leitinho.

Chegámos pelas 23 horas ao H2otel. Pousámos as malas, que serão sempre demasiado em número e em peso quando se levam duas crianças, e, voltando do quarto para estacionar o carro, mais uma má surpresa. Desta vez, pela boca da menina que nos acabara de fazer o check in. Que o quarto que tínhamos reservado e onde já estávamos efectivamente alojados não serviria. Não poderíamos dormir lá com duas crianças. «Mas deixe lá, que o mais velho vai querer dormir connosco.» Que não poderia mesmo ser, que são as regras do Grupo. E assim 'o Grupo' obrigou-nos a pegar de novo nas malas, bagagens e crias para subir dois pisos até uma suite junior. O número de camas era o mesmo, mas o preço acrescia de €60 por noite mais €20, se quiséssemos uma cama extra. Fiquei furioso: 1) porque sou efectivamente forreta; 2) porque nas reservas online 'do Grupo' existe apenas a possibilidade de reservar quartos duplos com local para assinalar a existência de crianças com idade apartir dos 3 anos. Efectivamente, avisam que só se pode levar uma criança por quarto (o que é por si só estúpido), mas os bebés de colo caem num vazio legal 'do Grupo'. Como a nós não nos faz diferença levar mais 7kg de gente que só bebe leite e dorme em qualquer alcofinha para o quarto, acho que 'o Grupo' também não se deveria importar.

Se nem o mau tempo, nem as febres das crianças nos estragariam este fim-de-semana, também não seria a menina do check-in que o faria. Deitámo-nos e alternámos vigílias, ben-u-rons e brufens durante a noite. O dia nasceu menos cinzento e o primeiro prenúncio foi de que o JM estava apirético. Uma dupla vitória: 1) tratava-se efectivamente de uma virose que passara por si; 2) o mais provável seria o MM ter a mesma virose, pelo que seria uma questão de tempo. Desci contente para o pequeno-almoço, segunda vitória. O buffet do H2otel é um espectáculo. Para além da oferta costumeira (ovos, fruta, cereais, torradas e pães de todos os géneros e feitios), o pequeno-almoço é rico em iguarias regionais: vários tipos de queijos da Serra da Estrela, doces e geleias caseiras, biscoitos tradicionais. Cinco estrelas. 

Já bem nutrido, e enquanto pedia cartões para as toalhas da piscina, a gerente do hotel veio falar comigo. Simpática, pediu desculpa pela confusão da noite anterior, pelo transtorno com a mudança de quartos, pelo o website do hotel não estar claro. Pagaria apenas o acordado na reserva, isto é, apenas o valor do quarto duplo. Assenti, mas fiz notar que não fazia sentido não deixar uma família de 4 apertar-se num quarto duplo, se essa fosse sua vontade. «Que era política do Grupo», respondeu. Aiiiii...

De volta ao dolce fare niente, peguei no 'mais velho' e ala com ele para as piscinas. Aqueles que me responderam que não precisariam de me dar sugestões para manter o JM entretido, porque ele não sairia jamais da água, tinham toda a razão. O JM passou o dia todo de Domingo e a manhã de hoje literalmente de molho. Com o corpo sempre debaixo de água, a febre não conseguiu subir, mas juro que me parece já lhes estarem a nascer umas guelras atrás das orelhitas. Havia outras crianças com quem o JM brincou, mais os animadores da piscina, escadas, cascatas, bolhinhas por todo o lado. De braçadeiras bem apertadas, o pequeno divertiu-se imenso. Eu, com um olho no livro e outro no 'cigano', ainda consegui ler um ou dois capítulos de um romance que arrasto desde o Natal.



O tempo de Sábado foi melhorando e conseguimos dar um passeio a pé, durante o almoço. Parámos no restaurante Thermas, 10 minutos a pé do hotel, onde comemos as sugestões do dia. A minha truta estava divinal. À noite, queríamos ficar pelo hotel, até porque já nos tinham dito bem do jantar que serviam no resraturante do hotel, o Alquimia. Não aprecio jantar (nem almoçar) em buffets, mas, quando vi a mesa das sobremesas tive que concordar que seria a melhor opção. €20 por adulto e crianças menores que 5 anos não pagam. Apesar da «política do Grupo», o H2otel é bastante baby-friendly. Para além do pessoal sensível à presença das crianças, os corredores largos, a comida adaptada e o cuidado em juntar mesas com crianças da mesma idade, facilita a vida dos pais. No final do jantar, ainda assistimos a um concerto no bar do hotel. Jovens músicos da zona a tocar boa música portuguesa: Rui Veloso, Toranja, Perfume, etc. Que excelente forma de acabar o dia.



Hoje de manhã, ainda demos bastantes 'gorgulhos', mas tínhamos que deixar o quarto ao meio-dia. Malas dentro do carro, preço 'acordado' pago, rumámos de volta. Pit stop em Belmonte, mas tudo fechado, incluindo o castelo. Pit stop mais à frente, na Guarda. Tudo fechado outra vez, mas uma agradável surpresa. Entrámos no único restaurante aberto da Guarda (e eu acredito que os vimos todos): A Mexicana. O aspecto exterior era assustador, de antigo e pouco cuidado, e o interior quase cómico de antigo (coerente) e muito kitch. Um empregado muito alto e muito gordo de laçarote servia às mesas. Muito simpático (ele e um senhor à paisana que parecia ser o dono da 'Mexicana') sugeriu-nos a Vitela à Lagareiro. Que maravilha... Uma carne muito tenra, um azeite muito leve e uma dose demasiado generosa. Não cabia nenhuma sobremesa. Como um abade (ou como um empregado-de-laçarote-de-um-qualquer-restaurante-na-Guarda) tive que guiar até ao Porto. Não sem antes dar mais 2,5ml de antipirético ao MM. O último desta virose. Yeeeessss!

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