Children see, children do

Se há coisa que me tira do sério é a falta de educação. Tendo a reagir lançando ameaças à integridade física. «Há duas formas de eu te tratar esta ferida: ou te portas bem e nem sentes eu a mexer; ou continuas a insultar a tua mãe e eu magoou-te sem querer.» Obviamente, é uma falsa chantagem. Um, seria por querer. Dois, seria demasiado cruel. Mas a criança não sabe e regra geral acata a ordem de respeitar a progenitora que tenta a todo custo segurar a criança. Hoje, na urgência, foi, mais uma vez, demasiadas vezes assim.

Infelizmente, parece-me cada vez mais frequente ver na consulta crianças que dizem palavrões, insultam os pais (mais a mãe), respondem bruscamente, principalmente quando são contrariados. Preocupa-me ainda mais o facto de os insolentes serem cada vez mais novos. As crianças copiam os modelos que vivem no seu meio. A forma inadequada como responde à mãe, lança impropérios à sua volta, falta ao respeito aos mais velhos, retrata (pelo menos em parte) os comportamentos que vê em casa.


Lembro-me sempre deste vídeo de uma campanha da NAPCAN (National Association for the Prevention of Child Abuse and Neglet) que circulou pela Internet há alguns anos. O vídeo é pesado, chocante, agressivo. Mostra exemplos de agressividade extrema dos pais (um contra o outro, ou contra outros). E como essa agressividade perpetua alguns podres da nossa sociedade (violência doméstica, racismo, etc.). O vídeo é chocante, mas, no que dependesse de mim, passaria até à exaustão nas televisões das salas de espera dos nossos hospitais.

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