Autismo - o meu testemunho

Hoje, dia 2 de Abril, celebra-se o Dia Mundial de Conscencialização do Autismo. Há tempos recebi uma mensagem da Sofia, sugeria-me que falasse sobre esta doença. Dizia-me a Sofia: «Gostava tanto que as pessoas pudessem olhar para uma criança diferente, como o meu filho, e que a primeira abordagem não fosse de pena, nem de receio para com os filhos deles.» Aceitei a sugestão e o texto está já encomendado a uma 'convidada especialista'. Ele aparecerá um dia destes, mas nesta vida tudo tem um preço. Daí, desafiei esta Mãe a deixar o seu testemunho. Eis o resultado.

O meu testemunho
Sofia (Mãe do Tomás)

Ser mãe de uma criança com autismo é em primeiro lugar amar o meu filho com todas as características que o definem, chama-se Tomás, tem 4 anos, e é feliz e bem disposto, adora música e ritmos, brinca muito, dança, adora passear e conhecer locais novos, é inteligente e meigo, é muito sensível. O autismo faz parte dele, mas não o define. Como mãe que sou, apaixonada por ele, não aceitei nem irei aceitar o autismo, destruiu a nossa vida, deixou-nos perdidos e a sofrer atrozmente, com o medo do futuro, com todas as dificuldades para conseguir concretizar situações que a qualquer outro pai e criança não é exigido, por ser naturalmente conseguido. A essas dificuldades superadas chamamos de vitórias. Tudo à volta fica iluminado nesses dias de vitórias! Mas não só, também quando dança, quando repetiu pela primeira vez ‘mamã’, quando entrou para a escolinha, quando abraça o pai ao chegar a casa, quando se ri sem parar, quando aceitou os óculos e quando começou a usar o dedo indicador para carregar num botão. Traz-nos felicidade e sorrisos todos os dias, vivemos para ele e para a sua felicidade.

Toda a realidade em que vivemos, não é feita nem pensada na diferença. Não há apoios do Estado nem do SNS. Todas as terapias, apoios e  acompanhamento médico são suportados por nós pais, todo o trabalho de inclusão, quer seja na escola ou noutra actividade, é sempre feita por nós, para que aceitem a diferença de forma natural, tendo sempre a atenção que todas as crianças têm direitos e diferentes formas de adquirir conhecimento e de crescer. E todas, todas têm o direito de ser respeitadas na sua diferença.

Para mim ser mãe de uma criança com autismo é lutar todos os dias para que o amem, para que ele ganhe autonomia para saber viver neste mundo que não foi feito a pensar nele, é criar condições para que se sinta feliz, é ser surpreendida por ele, é dançar e cantar lenga-lengas, é ensiná-lo a conhecer, é brincar e brincar e brincar, é amá-lo acima de tudo.

Obrigada aos avós e tio, à Olímpia, à Solange e às terapeutas que todos os dias o amam, obrigada a todos os meninos da escola que o ajudam a crescer!

Dia 2 de abril – Dia Mundial da Consciencialização do Autismo, vistam-se de azul, pesquisem e aprendam mais um pouco.

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