Não sei partilhar!

As comemorações do primeiro aniversãrio do blogue continuam. Hoje e todas as terças-feiras de 15 em 15 dias até ao final do ano, os Convidados Especialistas vão ser mães bloguers. Começamos com a Olga Reis, do Rei Vai Nú. A Olga é psicóloga e dedica-se mais à psicologia pediátrica, psicoterapia, desenvolvimento infantil e parentalidade.  É Mãe da Leonor (4 anos) e do Afonso (2 anos). Pedi à Olga que me escrevesse sobre partilhar. Vejam só a qualidade deste texto...

Não sei partilhar!
Olga Reis

Saber partilhar é uma competência importante para nos relacionarmos com os outros. Contudo, os pais não devem estar à espera de que a criança compreenda completamente a “partilha” até cerca dos 4 anos. Aprender a partilhar leva tempo. É importante apoiar a criança nesta aprendizagem, mas atendendo ao que é capaz.

O que a criança precisa de aprender para partilhar?
Aprender a partilhar leva tempo porque existem uma série de coisas para aprender. É preciso conseguir controlar o impulse de tirar as coisas aos outros, conseguir perceber o ponto de vista de outras crianças, perceber o tempo suficientemente bem para conseguir aceitar que não faz mal esperar um pouco para ter o que ser quer e ser capaz de falar suficientemente bem para negociar quem fica com o quê e quando.

Mas afinal o que sabem as crianças sobre partilhar? 
Aos dois anos a criança só sabe que quer qualquer coisa e que a quer agora! A criança pode ainda nem perceber bem as noções de pertença e achar que tudo é seu. Às vezes pode até entender que tem umas regras um pouco estranhas, como: “É meu porque eu quero” ou “Quero porque tu o tens”.

Pelos 3 anos, a criança está em plena fase de treinar a partilha. As crianças podem até passar bastante tempo a decidir quem vai ficar com que brinquedo, quem faz o quê e quem pode brincar. Mas às vezes é difícil.

A partir dos quatro anos, a criança consegue emprestar e trocar melhor e gosta de dar e receber.

Como encorajar a criança a partilhar?
Seja um bom modelo. Se partilhar e trocar a vez com a criança, ela aprenderá que é agradável quando partilham com ela e fará o mesmo com os outros.

Dê oportunidades à criança para aprender, mas com calma. É importante a criança ter oportunidades para brincar com outras crianças. Quando são muito pequenas, é importante compreender que a criança ainda tem dificuldade em aceitar que nem tudo é seu ou que os outros também gostariam de brincar.

Elogie. Elogiar a criança sempre que ela faz alguma coisa é um óptimo reforço e uma boa forma de incentivar o comportamento de partilha. Descreva como a outra criança se sente, “ A Joana está toda contente por lhe teres emprestado a tua boneca um bocadinho”.

Oriente. Se a criança quer muito um brinquedo que outra criança tem, ajude-a a encontrar outra coisa interessante. Dessa forma está a ajudar a criança a aprender a esperar. Tenha paciência. Não se esqueça de que aprender a partilhar leva tempo.

Aceite que haverá problemas e que a criança nem sempre conseguirá esperar ou desistir de um brinquedo. Nunca castigue a criança por não partilhar, pois o que se pretende é que a criança aprenda que partilhar é uma coisa boa e não que é obrigada a partilhar.

Ajude a negociar. A partir dos três anos, ajude a criança a negociar a distribuição dos brinquedos com os outros. Pode estabelecer um tempo (5 minutos) para cada um ter o brinquedo.

E quando nada parece resultar?
Se pelos quatro/cinco anos a criança continua a não conseguir cooperar com os outros e é agressiva ou desagradável, peçam apoio aos vossos profissionais de saúde.

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