Temos boavisteiro

Cá em casa temos muito fair play, no que às escolhas clubísticas dos filhos diz respeito. A Mãe é portista e eu já aqui me tinha declarado boavisteiro. Dadas as circunstâncias actuais do clube, um boavisteiro não pode ser muito aficionado por futebol. Se o foi um dia, é bom que o tenha deixado de ser, para a sua sanidade mental. Posto isto, cá em casa não se liga muito ao futebol. Logo, ao contrário das casas dos avós (maternos e paternos), não há campanhas por um ou outro clube.

Até há uns meses, o JM dizia que era «do Porto e do Boavista». Dizia até uma coisa engraçada: «Sabe papá? O Boavista também é do Porto.» O rapaz preocupado que eu ficasse triste por ele não ser do meu clube. Eu dizia-lhe (juro que é verdade): «Não precisas de ser do Boavista. Olha que o Porto ganha mais.» Mas ele continuava com o coração dividido entre os dois clubes.

Desde que entrou na nova escola, o JM mudou. Talvez para resgatar um sentimento de pertença em relação ao pai que tem visto menos, faz questão de se declarar boavisteiro. Não maldiz o Porto (ai dele), mas diz que é do Boavista (ponto). Nas últimas semanas, tem massacrado toda gente que quer uma camisola do Boavista, quer ir ver o Boavista jogar e quer ele próprio jogar pelo Boavista. Para este último, é cedo. O pequeno ainda não tem quatro anos. Mas já ando a tratar dos outros desejos.

No Sábado passado, passámos no Estádio do Bessa. O jogo já tinha acabado e os seguranças deixaram-nos entrar no estádio. E até fomos ao relvado. Ao lado, vimos os campos de treino com as camadas jovens a treinar. Só consegui convencer o JM a vir embora com a oferta de uma fotografia às cavalitas da pantera. T-shirts é que nem vê-las. A quem é que eles venderiam, se não há quase ninguém nos jogos? Muito menos crianças. Ainda liguei para a secretaria, mas parece que estão esgotadas. A tristeza de um boavisteiro, que nem uma camisola para o filho consegue.

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