Putativas sogras

É engraçado ver os pais fazerem os casalinhos entre os filhos. É quase instintivo e cá em casa não fugimos a essa regra. Na brincadeira, até tratamos alguns amigos por compadres. Os critérios óbvios para escolher as putativas sogras do JM são pela idade aproximada da putativa nora e a empatia entre os pais. A beleza da pequena poderá ser um dos critérios maternos, mas, na verdade, com mais lacinhos ou menos fitinhas, as meninas são todas bonitas. À boa tradição novecentista, as crianças não são para aqui chamadas. À boa tradição contemporânea, não vão ligar nada a isto, quando chegarem à adolescência.

Nós (agora pais) teremos sidos também vítimas deste costume. Eu ainda guardo uma fotografia amarelada a dar um beijo à minha primeira namorada. Teríamos uns 3 aninhos. Desses namorados imaginados quantos se efectivaram? Eu não conheço nenhum. A rapariga da fotografia sei que era vizinha da minha avó, mas perdi-lhe completamente o rasto, há muitos anos. Mais, as meninas que conhecemos desde a infância tornam-se numa espécie de primas, que vemos todos as as semanas ou todos os meses. Conheceram grande parte das manias da adolescência que agora nos envergonham, os cabelos compridos, as borbulhas indisfarçáveis, alguns dos momentos mais embaraçosos que tentamos nunca mais nos lembrar e que tentamos que mais ninguém se lembre. Definitivamente, não são as mulheres com quem um dia sonharíamos casar. Nalguns casos, seria uma espécie de incesto.

Tal como as namoradas, é previsível que venham a existir várias putativas sogras na vida do JM. Até agora têm tido um denominador comum, que aconselho veementemente na escolha de putativas sogras. Para além da amizade entre os pais e a idade aproximada das crias, a putativa sogra (ou putativo sogro) deve ser boa cozinheira (ou bom cozinheiro). Já que no futuro as crianças não se poderão ver nem pintadas e não, fica a certeza de umas boas tainadas.

[fonte: jessicamichault.com]

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