Para lá das castanhas

Os dias festivos têm na maior parte das vezes uma origem nobre que muito tendemos a ignorar. Talvez por enfatizarmos demasiado o superficial ou acessório, ou simplesmente por ignorância, esquecemos de explicar às nossas crianças porque celebramos este ou aqule feriado, fazemos esta ou aquela festa. Por estes dias celebra-se o São Martinho. Há castanhas assadas, há água pé ou jerupiga, há fogueiras e há uma história de abnegação e entrega ao próximo dignas de memória.

Martinho nascera na Hungria, por volta do ano 316, e já adolescente, seu pai alistou-o na cavalaria do exército imperial romano. Martinho prestava serviço na Gália, quando certo dia se cruza com um mendigo com fome e frio, que lhe pede esmola. Como não tinha, Martinho cortou metade da sua própria capa e deu-a ao mendigo. Conta a história que, durante a noite, Jesus lhe apareceu no sonho, usando o pedaço de capa que dera ao pedinte e agradeceu a Martinho por tê-lo aquecido. É desde esta noite que Martinho decide deixar o exército, para se dedicar à religião.

Nos tempos difíceis que vivemos, há uma tendência enorme para o egoísmo. Há uma luta por manter o nível de vida quando o dinheiro disponível é cada vez menos. Há, muitas vezes, luta pela sobrevivência. As crianças vêem e sentem esta crise. Nunca é de mais recordar-lhes histórias destas. Histórias de quem não tendo o que dar, divide o que tem. E não é só de bem materiais de que falo. Por vezes, ajudar o próximo passa por uma coisa tão simples como dividir um pedaço de tempo que até nos fazia falta.

O dia de S. Martinho celebra-se amanhã, dia 11 de Novembro. Hoje e amanhã, há magustos pelas cidades. Consulte este artigo na Visão e vá passear com os filhotes. Mas não se esqueça de explicar quem foi (e é) o São Martinho.

[Der heilige Martin und der Bettler, El Greco; fonte: historicartgallery.com]

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