Caso clínico: filho

Em muitas urgências que fiz como clínico geral, espreitava as amígdalas e procurava perceber se a infecção seria vírica ou bacteriana. Infelizmente, não existe um achado clínico que por si só permita distinguir a amigdalite vírica da bacteriana, levando muitas vezes à indecisão quanto à prescrição (ou não) de um antibiótico. Presença de síndrome gripal nos dias anteriores à febre, bom estado geral da criança em apirexia (quando a febre baixa), curso benigo após o primeiro dia (isto é, períodos de febre que vão espaçando e com temperaturas menores) e a própria idade do doentinho (praticamente todas as amigdalites são víricas nos primeiros 18 meses de vida) apontam a culpa a um vírus. Antipiréticos, muita aguinha para hidratar e mimo é quanto basta para o corpinho dar conta da infecção vírica. Mas no caso da amigdalite com início súbito, sem aviso, um exsudado purulento e uma febre que continuava agravar ao terceiro dia na criança cá de casa fez-me atacar com antibiótico. Os mais puristas exigiriam uma colheita do pús para análise microbiológica. Eu sou apenas pai.

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